Aquele encontro...

Um dos meus textos...daqueles que estão guardadinhos numa gaveta e que de vez em quando vos mostro :)
um beijo

"O tempo foge a mil à hora e não há maneira de apareceres...
Hora combinada, nervoso miudinho activo e tu não chegas e tens o telemóvel desligado.

Como estarás? Disseram-me que tinhas deixado crescer o cabelo e que estavas mais magro. Não eras assim muito magrinho quando te conheci e o cabelo era um bocadinho comprido, às vezes mais por preguiça de o ires cortar do que por uma questão estética. E a tua voz? Essa voz que me deixava arrepiada quando me sussurravas coisas mágicas ao ouvido, será que ainda a tens?

Telefono-te. O telemóvel continua desligado. Vai uma aposto em como te esqueceste de mim? Para variar...
Durante o tempo em que estavamos juntos, também te esquecias de mim. Estavas tão habituado a estar sozinho e a ser independente, que, simplesmente, não te lembravas de mim. Esquecias-te de me escrever, esquecias-te de me telefonar, esquecias-te de mim nos cafés e, por tantas vezes, deitada ao teu lado, sabia que te tinhas esquecido de mim, mesmo eu estando ali contigo.
Nessas alturas ficavas muito calado a olhar para o tecto fixamente, como se conseguisses ver algo lá que eu não conseguia captar. Se te perguntava em que estavas a pensar, dizias sempre "em nada".
- mas quando se está a pensar, pensa-se sempre em alguma coisa..
- sim e eu estou a pensar "em nada".
- mas "em nada" como? De que é feito "esse nada"?
- é feito de nada!
, afirmavas tu.
Tinhas coisas destas que me baralhavam porque não as compreendia. Por muito que tentasse, não conseguia e limitava-me a encolher os ombros e a tentar decifrar como seria pensar em "nada".

Tinhas as mãos sempre quentes e eu sempre frias,

"Mãos frias coração quente, amor ausente",
...mas aquecia-as nas tuas.
É engraçado lembrar-me de todas estas coisas enquanto espero por ti neste café onde combinámos um encontro. Já há tanto tempo que não nos vemos..
Somos amigos, falamo-nos, mas aproveitaste para te distanciar ainda mais, embrenhado nos teus "nadas", que nunca compreendi.

Já passaram mais de duas horas; ainda não apareceste e...nem sei se irás aparecer.
É tarde, estão a arrumar as mesas do café e eu agora tenho a certeza que não vais aparecer.Olho a minha chávena de café, páro de brincar com a colher.

Tu não chegas. Esqueceste-te de mim. Eu não me esqueci de ti.
Tenho as mãos frias..."

9 comentários:

Rosa Cueca disse...

Tiveste um dia as mãos frias...
Com essas mesmas mãos criaste bolas de sabão tão lindas como o reflexo de sorrisos encondidos em almas solitárias.
Como toda a bolinha de sabão...há um momento em que ela desaparece. Uma hora vês, outra já lá não está.
Nunca duram o tempo que quisermos e sim o tempo que elas mesmas predeterminam. Mas agora podes aquecer as tuas mãos nas minhas e nas das pessoas que se preocupam contigo...

Ana, Dona do Café disse...

essa das bolas de sabão (tinhas que falar nelas) deu-me uma ideia... ehehehhe
já mostro.
e sim deia, tb tu me aqueces as mãos com mta ternura, és uma Amiga fantástica.
beijo

Anónimo disse...

.....Lamexices....

_Snakebite_

Anónimo disse...

kem n gosta n lê, axo eu. Enfim, gostei destes teus textos, ja tinha saudades de ler coisas tuas!beijinhos da Sónia.PS: temos k nos encontrar tenho o teu livro pa te dar e temos k por as novidades em dia!!!;P

Miss I disse...

Gostei imenso! Acho que é por este tipo de post que ainda vou vendo o que se escreve.. para ter a sorte de ler um texto destes. Há rapazes que não são para compreender, já aceitar como são custa.. Mas acabam por ser os que marcam a diferença à maneira deles..

Sr. Humberto disse...

"Chapéus há muitos" dizia o outro. E em cada cabeça com 1 chapéu, há mãos a dobrar (em princípio...) mas as minhas... são minhas.
O que quero dizer com isso? "nada"...
(ao som de Kruder & Dorfmeister - High Noon esfregando as mãos uma na outra para as aquecer e ouvindo o que há de bom som para esquecer)

Anónimo disse...

encontrei este blog por acaso. tropecei nele! e qnd li este texto... chorei... Talvez por me chamar tb Ana, ou talvez pq tb tenho as mãos frias, ou então é por saber exactamente o que se sente qnd "ele" se esquece de mim, mesmo estando eu ali ao lado dele a tentar descortinar os "nadas" dele.
gostei mto!

Ana, Dona do Café disse...

... enfim ...that's it...

Mesmo sendo um "identificar" um pouco triste...fico contente por teres compreendido o que escrevi. Um sorriso, é só o que te peço mesmo sem te conhecer...
"há males que vêm por bem", se calhar são precisos encontros destes para que valorizemos outras pessoas, ou que simplesmente aprendamos com estas situações para que o nosso coração seja cada vez mais perfeito.
Um beijinho,
Ana
(Ah, por favor assinem os comments qd seleccionarem "anónimo"...senão é mt "impessoal",não sei, baralha-me!:p)

Anónimo disse...

Somethings never change... do they?