"O medo é o que nos faz persistir. Já pensaste o que seria se não houvesse a falta, a ausência, que nos faz persistir em procurar? Seria o tédio avalassador a tomar conta de nós. A falta não é uma insuficiência, um defeito a que estaríamos condenados, ao qual nós próprios nos condenássemos. A falta é o que nos faz continuar. E o mais importante é aprender, o mais lindo. E a ignorância é a condição de aprender. Não saber e querer saber. É a minha contradição, o que completa o meu destino.
(...)
O que nos faz falta não é isto nem aquilo que sabemos o que é. O que nos faz falta é o amor que não se sabe. Estranha é a nossa condição, a vida que nos acompanha e que, de repente nos deixa. Nem no fim saberemos o que fomos. O princípio é traiçoeiro. O fim jamais acontecerá.
E quanto mais amamos menos sabemos da palavra amor, o que nos faz falta. Sentimos o que faz falta, o que é outra coisa. No amor, tudo nos faz falta. Tentar dizer o que é o amor, a ausência de nós, é como tentar dizer a um que não vê, qual é a cor do mar. Insistimos em saber. Devíamos desistir. Sabe-se lá do amor. E sem ele nada há. Tudo preenche, tudo ocupa, os lugares mais secretos, onde já nada esperávamos encontrar. Sim, sobretudo aí. É urgente aprender a sentir a falta que nos faz."
Pedro Paixão
"Os corações também se gastam"
18 comentários:
Lindíssima escolha, Ana. Pedro Paixão tem uma forma de escrever sobre as coisas que me encanta, porque todas as palavras me cabem no colo. O importante é sentir falta... porque quando já nada se espera, é porque o sonho morreu. Mesmo um sonho concretizado pede sempre mais. É como a água que nos mata a sede. Precisamos sempre de mais no dia seguinte. Um beijo muito grande.
A frase do Shakespeare é tão verdadeira que espanta como não andamos a dizê-la cada dia que passa, de motu próprio...
Tenho andado pelo teu blogue mas hoje não resisti a comentar.
Beijos
O amor, o amor...nem sei se sei o que isso é...desculpem lá, hoje o dia não está bom para mim...
e nunca fica tudo dito... mas este foi um bom começo!
o título ñ serve só p/ o amor, aplica-se a toda a nossa vida, infelizmente as pessoas estão mais concentradas no q ñ têm do q em apreciar e gozar aquilo q têm, seja nível de bens materiais, amorosos, família, etc..... :(
Passei só para te deixar um beijinho muito grande. Fica bem
Um bom texto.
O Shakespeare disse coisas bem importantes e que às vezes nos esquecemos.
Beijos.
Ainda a propósito de música. Descobri agora um tal de Blockhead... mt bom!
Bom texto ;)
Bom texto Ana.
Só para deixar uma bjufa.
Foi a primeira vez que vim ao teu blog.
Escreves muito bem.
Bjs
..cheguei agora,puxei uma cadeira e sentei-me,li-te e reli-te!
A ausencia traz-nos a sabedoria da procura,da busca do saber,a paz de espirito para poder aguardar.
Epah,
Este blog está uma bela malha.
Muito bom, mesmo.
Voltarei com mais tempo e linkarei.
Continue
Eu adorava Pedro Paixão (e ainda gosto) até o conhecer pessoalmente numa feira de livro em Lisboa... lol Mas gosto muito da frase de Shakespeare que é uma grande verdade, mas muito dificil de apor-mos em prática no nosso dia. Só quando nos lembramos...
Só para deixar um beijinho saudoso. É bom ver que este café continua com as suas portas abertas e com um ambiente sempre tão agradável!
Beijinho
Daniela*
=´(
é bom descobrir estes espaços (tão bons) para poder ler... muitos parabens... adorei este blog...
ó sinhora, eu tenho este livro. é tão bonito. a mim, equivaleu a três consultas psiquiátricas.
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