my kind of sunshine

Eu não sou a rapariga tímida que deixaste na multidão a olhar a tua sombra perder-se por entre a gente naquela noite gelada.
Eu não sou a menina que deixaste a olhar as estrelas à noite enquanto as lágrimas lhe escorriam sem vergonha debaixo de um sol quente, de coração nas mãos...Coração perdido, coração que não sabia o que era bater e fazer-se ouvir.
Eu não sou a Ana que te esqueceu quando lhe disseste para o fazeres. Eu não sei para onde ela foi, com todas as suas dúvidas e todas as suas inquietações de menina pequena.
Mas eu sou eu. Eu que sobrevivo neste mundo cheio de ti; em que te vejo, sinto, ouço e provo, num misto de sensações inebriantes feitas de ti.
Quantas loucuras, quanto prazer e sedução se esconde por entre as linhas que escrevo e a distância que nos separa.
Eu imploro, peço, suplico e grito aos quatro ventos para me soltarem no ar para longe, bem longe de tudo e de todos, para sair, fugir, escapar deste mundo, quando me envolves à noite, no teu abraço, descobrindo todas as minhas fraquezas beijando-me a alma.
Tu que habitas em mim eternamente. No coração?, perguntas tu.
Em tudo, em todos os recantos de tudo o que conheço.
E vais-me consumindo como um fogo que me embala e me prende e me enfeitiça...
E eu queimo-me nesse fogo, delicio-me e deixo-me seduzir nesse fogo feito de ti, que me envolve como os teus braços fortes que me protegem de todos os males do mundo.
E tu? Vais vivendo a tua vida encoberto pelo teu manto transparente de ilusão, magia e doçura e a cada linha que escrevo parece que estás cada vez mais longe de mim...Mas eis que o meu coração torna a bater; "Estou aqui", parece dizer... E estás.
Ouço a música a soar baixinho e quase que sinto a ponta dos teus dedos a tocar-me nas mãos. Enclausuras-me no espaço mais belo de todas as contelações que me destinaste e eu, de onde eu, tão pequena, contemplo todo o universo como num êxtase onírico, que me segura e me tem cativa em ti.
E este chão desta terra queima, não é como o céu em que me inspiro para tentar imaginar-te a olhar o mesmo céu que eu todas as noites.
Apanho um punhado de areia que se evapora como água no deserto e me cria este vazio cá dentro... este vazio! Minto! Vazio roubado, desde o dia em que aprendi a amar.
E eu continuo a ser eu, do tamanho do teu abraço, frágil , para todo o sempre; oculta...para todo o sempre esquecida pelo mundo?
Sonhar só é impossível quando a vida é demasiado triste para que existam lágrimas. Aprendi a viver das palavras que me dedicas, do espaço no teu coração que me ofereces, do entrelaçar das minhas pequenas mãos nas tuas, como um segredo nosso...
Se alguma vez me perguntares o que tenho para te dar, vou-te responder com a simplicidade e sinceridade infantil, que tanto aprecias em mim: "Nada tenho para te dar; de mim, és já possuidor de tudo sem o saberes".

(dedicado a quem me faz sentir a criança-mulher que hoje sou e me consegue fazer ver o que é invisível)

9 comentários:

Rosa Cueca disse...

A verdade é que alguém fez um F5 em ti. Mais que merecido pela pessoa especial que és e que tanto adoro :).

(Obrigada senhor incrível por nos oferecer uma Aninhas cheia de boa disposição, senão como andaríamos nós! loool)

Drifter disse...

Muito bom!

Unknown disse...

Ana, é isso que se sente quando se quer muito, aliás é isso que nos faz acordar todos os dias em sobressalto, é isso que nos faz viver, quando isso passa, também nós passamos para o mundo dos crescidos, que só pensam e não sonham...se continuasse a escrever ia dizer uma asneira..na afirmativa por isso...beijos, e continua assim que eu gosto de te ler.

Patrícia Mota disse...

Tenho a garganta apertada... Sim! Um café, por favor...

Demasiado forte, demasiado real... Há sempre alguem disposto a nos roubar a vida e, nós estamos sempre dispostos a entrega-la a alguem... E ficamos com o coração nas mãos, frageis como sempre...

Espero que te saibam amar Ana...

Sr. Humberto disse...

um sorriso teu. um "simples" sorriso teu é todo um mundo por mim criado quando te roubo esse sorriso. a sua intensidade não tem limites quando o vejo de manhã (na nossa manhã sem tempo, sem hora) e sinto os teus lábios a descreverem um arco de pura alegria quando, no meio do escuro ou quando envolvidos pela pouca luz do mundo lá fora que nos entra no quarto, te beijo pela nossa manhã e me esqueço do bom dia, me esqueço de quem és e de quem sou porque o orgulho é algo que nunca me hão-de roubar mas tenho tanto orgulho de deixar de ser apenas eu para sermos nós num só e me sentir incompleto, se apenas eu.
o teu corpo nú que me aquece e que sinto cada vez mais quente mal o toco, faz-me ver que não estou apenas a tocar um corpo mas a preencher todos os meus e teus desejos, ao sentir a tua pele fina, suave e que me magnetiza de imediato para sentir o cheiro do teu pescoço, naquele ponto, naquele exacto momento em que acordas e misturas os cheiros de mulher, de inocência e de fragilidade e te deixas envolver pelos meus braços, fazendo-me sentir um anel de júpiter, apenas circundando um corpo já de si belo mas que me tenta dizer que necessita de protecção e afecto.
diz-me, diz-me só como posso eu querer acordar desse sono, querer despertar para a luz lá de fora que nos entra pelo quarto se tudo o que possa querer procurar, me estás ali a dar?...

(dedicado a quem me faz escrever e dizer o que nem eu sei que aqui trago dentro)

Miss I disse...

"..How can I think I'm standing strong?
Yet feel the air beneath my feet.
How can happiness feel so wrong?
How can misery feel so sweet?

How can you let me watch you sleep?
Then break my dreams the way you do.
How can I have got in so deep?
Why did i fall in love with you?..

Ana, Dona do Café disse...

the closest thing to crazy :) *

Dra. Laura Alho disse...

Um texto lindo; uma relação perto da perfeição.

Desejo-te o mundo. E o Amor exactamente da maneira que o sentes.

Beijo, Ana.

Sr. Humberto disse...

Crazy
I'm halfway to crazy
Suicide could save me
Oh is that much too extreme
It's such a sad and sorry scene

Lovers tongue tied
And tied to the tongue
Making deals going bad by the dawn
Every dog must have it's day
And then it's got to pay and pay

That's me being torn at the seams
Going mad in the middle of a dream
Catch me getting it wrong from the start
Catch me 'cause I'm falling apart

Crazy I'm halfway to crazy
Suicide would waste me
Homicide would break me
Tongue tied and tied to the tongue
Oh is life as bad as dreams
I guess that's just the way it seems

The Jesus & The Mary Chain - Half Way to Crazy