Sinto a tua falta...
Acordo e os olhos da tua fotografia fitam-me cansados e perdidos. Não me lembro de estar contigo, da tua ternura, do teu sorriso,..mas, de cada vez que me quero lembrar de ti, basta-me olhar num espelho e aí estás tu.
Os teus olhos são os meus...e o teu sorriso e a tua expressão pensativa e apaixonada.
Todos pensaram que eras eterna e deram-me todo o amor, toda a dedicação possível a cada dia que passava. Como se enganaram...
Partiste, deixando corações partidos, amizades eternas em lágrimas, memórias da tua felicidade e uma filha para perpetuar a tua existência. E aqui estou eu. Uma criança meia perdida, uma estrela do teu percurso.
Quase que "nasci para te imortalizar", para as pessoas olharem para mim e verem em mim a tua teimosia, a tua ternura, o teu riso aberto sem preocupações de poderes ser espalhafatosa - não, eras somente tu e a tua magia própria, a tua simplicidade e todas as outras coincidências naturais que passam de mãe para filha.
Passeio pelas ruelas da Beira Mar, e uma velhinha sorri-me e chama-me "Maria João". Pergunta-me como estou e diz-me que estou cada vez mais crescida.
Eu digo que está tudo bem, dou-lhe um beijo e sorrio-lhe timidamente de lágrimas nos olhos enquanto me afasto com um sorriso nos lábios... Não sou eu, mas ser confundida contigo é o maior elogio de todos.
Às vezes sinto-me a fraquejar, desorientada. Não me apetece ver ninguém, falar com ninguém. Agarro-me a um espelho e olho-me, esperando ver-te atrás de mim, abraçando-me, afagando-me o cabelo e a agarrar-me para não cometer nenhuma loucura, pego numa moldura com a tua fotografia e observo cada traço da tua cara.
Onde estás? Será que me ouves? Será que sabes que preciso de ti?
Nos dias maus, acordo sobressaltada a meio da noite, com um pesadelo em que os meus olhos deixaram de ver e que já não sou mais igual a ti, que me deixaste num pôr-do-sol, daqueles cor de laranja e rosa de que tanto gostavas, esquecido no horizonte.
Outras vezes sinto-te como se estivesses mesmo ao meu lado. Mexes nas folhas dos meus caderninhos, a tua fotografia muda ligeiramente de sítio, ondulas as cortinas, ou será só o vento?...cheira-me a alfazema. Estás comigo. Quase sinto a tua respiração presa no silêncio e os teus olhos, que são iguais aos meus, a observar-me num misto de orgulho e tristeza...E acho que te ouço por dentro, quando me falas baixinho directamente ao coração e me dás força para sorrir nos momentos mais difíceis. Mas é tão difícil.
Eu só te queria ver, não "nos espelhos", em minutos de vídeos ou fotografias antigas mas, ver-te com os olhos que me deste, tocar-te, abraçar-te...chamar-te mãe, trazer-te de volta a casa, onde ficarias comigo para sempre. Para me ensinares a crescer, a amar, a ser igual a ti, de alma e coração.
E às vezes, lembro-me que sou tão parecida com a Maria João, aquela rapariga tão bonita que um dia partiu sem se despedir do mundo; que deixou uma cidade chocada em lágrimas; que fez os dos pores-do-sol momentos inesquecíveis; que se confunde entre a espuma branca do mar e o cheiro a maresia; que viveu apaixonada pela vida; que suspirava com os jeitos teimosos do seu cabelo; que enchia uma sala de alegria, que fazia balançar os moliceiros da ria; que roubou a alegria às rosas amarelas e que teve uma filha a quem jurou protecção e amor eterno.
Essa filha sou eu. Sou eu. Sou eu a voz que ouves a chamar-te onde tu estás.
A voz que mergulha fundo e que não volta à superfície, porque não tens como me responder.
Acordo e os olhos da tua fotografia fitam-me cansados e perdidos. Não me lembro de estar contigo, da tua ternura, do teu sorriso,..mas, de cada vez que me quero lembrar de ti, basta-me olhar num espelho e aí estás tu.
Os teus olhos são os meus...e o teu sorriso e a tua expressão pensativa e apaixonada.
Todos pensaram que eras eterna e deram-me todo o amor, toda a dedicação possível a cada dia que passava. Como se enganaram...
Partiste, deixando corações partidos, amizades eternas em lágrimas, memórias da tua felicidade e uma filha para perpetuar a tua existência. E aqui estou eu. Uma criança meia perdida, uma estrela do teu percurso.
Quase que "nasci para te imortalizar", para as pessoas olharem para mim e verem em mim a tua teimosia, a tua ternura, o teu riso aberto sem preocupações de poderes ser espalhafatosa - não, eras somente tu e a tua magia própria, a tua simplicidade e todas as outras coincidências naturais que passam de mãe para filha.
Passeio pelas ruelas da Beira Mar, e uma velhinha sorri-me e chama-me "Maria João". Pergunta-me como estou e diz-me que estou cada vez mais crescida.
Eu digo que está tudo bem, dou-lhe um beijo e sorrio-lhe timidamente de lágrimas nos olhos enquanto me afasto com um sorriso nos lábios... Não sou eu, mas ser confundida contigo é o maior elogio de todos.
Às vezes sinto-me a fraquejar, desorientada. Não me apetece ver ninguém, falar com ninguém. Agarro-me a um espelho e olho-me, esperando ver-te atrás de mim, abraçando-me, afagando-me o cabelo e a agarrar-me para não cometer nenhuma loucura, pego numa moldura com a tua fotografia e observo cada traço da tua cara.
Onde estás? Será que me ouves? Será que sabes que preciso de ti?
Nos dias maus, acordo sobressaltada a meio da noite, com um pesadelo em que os meus olhos deixaram de ver e que já não sou mais igual a ti, que me deixaste num pôr-do-sol, daqueles cor de laranja e rosa de que tanto gostavas, esquecido no horizonte.
Outras vezes sinto-te como se estivesses mesmo ao meu lado. Mexes nas folhas dos meus caderninhos, a tua fotografia muda ligeiramente de sítio, ondulas as cortinas, ou será só o vento?...cheira-me a alfazema. Estás comigo. Quase sinto a tua respiração presa no silêncio e os teus olhos, que são iguais aos meus, a observar-me num misto de orgulho e tristeza...E acho que te ouço por dentro, quando me falas baixinho directamente ao coração e me dás força para sorrir nos momentos mais difíceis. Mas é tão difícil.
Eu só te queria ver, não "nos espelhos", em minutos de vídeos ou fotografias antigas mas, ver-te com os olhos que me deste, tocar-te, abraçar-te...chamar-te mãe, trazer-te de volta a casa, onde ficarias comigo para sempre. Para me ensinares a crescer, a amar, a ser igual a ti, de alma e coração.
E às vezes, lembro-me que sou tão parecida com a Maria João, aquela rapariga tão bonita que um dia partiu sem se despedir do mundo; que deixou uma cidade chocada em lágrimas; que fez os dos pores-do-sol momentos inesquecíveis; que se confunde entre a espuma branca do mar e o cheiro a maresia; que viveu apaixonada pela vida; que suspirava com os jeitos teimosos do seu cabelo; que enchia uma sala de alegria, que fazia balançar os moliceiros da ria; que roubou a alegria às rosas amarelas e que teve uma filha a quem jurou protecção e amor eterno.
Essa filha sou eu. Sou eu. Sou eu a voz que ouves a chamar-te onde tu estás.
A voz que mergulha fundo e que não volta à superfície, porque não tens como me responder.
Mas é assim que vives dentro de mim...é assim que sinto a tua falta...mãe.
6 comentários:
Não te sintas desacompanhada porque Ela está contigo, está em ti!
Bem... fiquei sem palavras. Desculpa, não consigo sentir a tua dor, mas deve ser imensa porque só de imaginar dói...
Um beijo
Minha pequenina... Pronto já sabes como eu sou e já estou a chorar. Só me apetece dar-te um abraço muito grande e apertado.
Em parte eu também sinto essas coisas...pode ser que um dia te conte *
Gosto muito de ti :)
Concordo com quem disse:
"Ela está contigo, está em ti!"
Agarra-te a isso e continua a olhar po teu espelho.. acredita que ela estará a sorrir para ti =)
Um beijo.
A maior e melhor homenagem que li no dia da Mãe... Mas, sem dúvida, é muito mais que isso... Só o coração consegue sentir o que vai na alma e não é capaz de transmitir pela linguagem...Sê feliz...
Navegar nestes caminhos cibernauticos e ver refletiods em palavras sentimentos e sensações que conheço e que partilho diariamente... Sei bem o que sentes obrigado pelas tuas palavras...
Foi naquela gélida noite que te encontrei lavada em lágrimas. Escorriam pela tua cara. Pela primeira vez vergavas mas não por opções ou opiniões. Caprichos ou desleixos. Egoísmo ou egocentrismo. Apenas o preto no branco foi capaz. O preto no branco acompanhado por palavras que as tuas mãos devotas à vida não conseguiam decifrar. O preto no branco que me descobria e que me fazia ver-te sem eu querer. Assim. E assim, adormecemos pela dor, com ela.
Os dias passavam mas o teu brilho... o teu brilho... Aumentava com o aproximar da Primavera. A flor que tinhas em ti desabrochava. Perguntava como é que ela era. Queria saber! Saber sem perceber. Mas queria! Tu não. Com o teu brilho ofuscavas-la que teimava em querer florescer ainda mais do que tu. Decidiste corta-la. Deixaste que se intrometessem no pilar do teu sorriso para a colheres. Querias ser tu a florescer. Tinhas de ser tu a florescer. Perguntavas, como está a minha flor?, não tão bonita como tu, respondia eu em tom esguio.
Naquele dia a flor ouviu-nos. Acho que seria o momento de se libertar e começou a florescer e as tuas folhas caíam caducas, secas no saibro enquanto as suas petalas se mostravam. Quebraste para relembrares-te de como eras e cobriste-te de tons rosa, vermelhos e amarelos mas acima de tudo verdes! Sim, lembro-me que eram verdes mas tão verdes... até entrares no bosque. Ouvia-se o som das borboletas a baterem as asas, o discurso sábio das árvores. E a flor. Foi então que disseste que seria a mim que darias a tua flor, essa flor que desabrochava e ja florescia debaixo do sol quente que te tinha abandonado. Seria sempre a tua flor ainda que não te pertencesse. Era apenas tua e a darias quando quisesses. Mas ela já brilhava. Tinha chegado o momento de saires do bosque e partilhares o brio do teu sorriso porque a flor já não interessava. A noite chegou com o Inverno. As tuas mãos tão devotas à vida eram agora as minhas.
Deste-ma ao fim de 22 anos. A flor que hoje ainda guardo. Contigo.
Nuno Teixeira Silva
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